Já mora no centro da vila o meu primeiro painel de azulejo na rua. Por estar próximo a uma padaria, decidi fazer uma homenagem ao pão que, além de ser unanimemente maravilhoso, é indispensável na rotina (não fôssemos todos começar a fazer pão em casa durante o confinamento), impactante na nossa cultura e está presente em diversas tradições, música e provérbios. Desenhei sobre o hábito de beijarmos o pão antes de o deitarmos fora, a tradição de pedir o bolinho em sacos de pano no dia de todos os santos (o pão por Deus noutras paragens), a música do Sérgio Godinho que diz que só há liberdade a sério quando houver “paz, pão, habitação, saúde e educação”, os moinhos e o trigo, o vinho que, juntamente com o pão, faz “uma casa portuguesa com certeza” e um dos inúmeros ditados que encontrei sobre pão: “Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. ” O painel chama-se “companheiro” porque a origem etimológica desta palavra (‘cum pannis’) fazia referência a uma pessoa com quem se dividia o pão e há lá coisa mais bonita que celebrar a partilha.